A devastação de boa parte da região central durante o Grande Incêndio de 1871 foi o que levou a cidade a se reconstruir com os primeiros arranha-céus dos Estados Unidos. Chicago renasceu das cinzas.
O conjunto é complementado por obras de arte a cada esquina. Nas ruas e praças, há esculturas de artistas como Picasso e Miró e de outros mais contemporâneos, como Anish Kapoor – sua escultura Cloud Gate, no Millennium Park, é um dos pontos mais fotografados da cidade e está reluzindo depois de passar por uma restauração entre 2023 e 2024.
Outros atrativos de Chicago ficam mais escondidos. Afinal, a cidade que já foi dominada por gângsters, Al Capone entre eles, aprendeu a viver à espreita. Na década de 1920, a Lei Seca fez fervilharem speakeasy – na época, estabelecimentos escondidos onde os moradores podiam beber longe dos olhos atentos da polícia; hoje, são bares muito charmosos.
Chicago também é uma das melhores cidades para comer nos Estados Unidos. Essa faceta gastronômica vem chamando mais atenção desde o lançamento da série O Urso (disponível na Disney+), sobre uma lanchonete que vende italian beef sandwiches, receita criada na cidade por imigrantes italianos. Mas os italianos não foram os únicos a fazer suas contribuições: a metrópole que recebeu imigrantes de várias partes do mundo tem ótimos restaurantes étnicos, muitos deles listados pelo Guia Michelin.
Quando ir
O inverno é rigoroso, com temperaturas muito abaixo de zero e bastante neve. A estação mais fria do ano traz consigo feiras natalinas, decorações festivas e patinação no gelo no Millennium Park. Entre janeiro e fevereiro, a Chicago Restaurant Week tem promoções em restaurantes e a Chicago Theatre Week, descontos nos ingressos de espetáculos.
As celebrações do St. Patrick’s Day se estendem por todo o mês de março, mas o ápice é o Chicago River Dyeing, no sábado anterior ao dia 17 de março: o Rio Chicago é tingido de verde.
As temperaturas começam a ficar mais agradáveis na primavera, entre maio e junho. Em julho, a agenda cultural da cidade ferve. Alguns dos destaques do mês são a Chicago Pride Parade, uma das maiores paradas LGBTQIAP+ do mundo, e o Chicago Blues Festival, com programação gratuita de grandes nomes do blues.
No verão, as temperaturas beiram os 40ºC e a lista de eventos continua longa. Fique de olho no lineup do Lollapalooza e do Chicago Jazz Festival, que acontecem em agosto, e no festival de comida e música Taste of Chicago, em setembro.
Volta a esfriar bem no outono, mas os termômetros geralmente ficam acima dos 0ºC. As árvores com folhas amareladas dão um charme único à cidade. Nessa época acontece a Maratona de Chicago (em outubro), além de eventos de Halloween.
Onde ficar
O endereço mais cobiçado para se hospedar em Chicago é a Magnificent Mile, forma como é popularmente chamada a porção da Michigan Avenue que vai da Oak Street Beach, praia do Lago Michigan, até a DuSable Bridge, ponte sobre o Rio Chicago.
Bem na ponta norte da Magnificent Mile, praticamente de frente para a Oak Street Beach, está o The Drake, um clássico da cidade. Inaugurado em 1920, o hotel já foi cenário de filmes como O Casamento do Meu Melhor Amigo e recebeu famosos como Frank Sinatra e Princesa Diana. A VT se hospedou no The Drake.
A partir dali começam a se enfileirar hotéis de luxo. O melhor hotel da cidade é o Peninsula, que se destaca pelos quartos tecnológicos e pela piscina no 19º andar. Também estão por ali o Four Seasons, o Park Hyatt e o Ritz-Carlton.
Mas basta se afastar uma ou duas quadras da Michigan Avenue para encontrar opções um pouco mais em conta. Um exemplo é o Freehand, que tem decoração ousada em tons escuros de madeira e azul. Há quartos com beliche que acomodam até quatro pessoas.
Uma opção por ali é o LondonHouse, com uma vista incrível do Rio Chicago, que pode ser apreciada do bar no terraço ou dos “Vista Rooms”, com janelões de vidro que vão do chão ao teto. Um pouco mais adiante, o Pendry não passa despercebido.
Já o Palmer House, que hoje pertence à rede Hilton, é nada menos que o mais antigo hotel em funcionamento contínuo nos Estados Unidos.
Mais ao sul, a uma quadra do Grant Park, o HI Chicago Hostel é uma opção econômica: além dos dormitórios femininos e masculinos compartilhados, há opção de quartos privativos.
Tem uma localização especial o Sable, que flutua sobre o Lago Michigan no Navy Pier, onde há roda-gigante e uma porção de restaurantes. Com vista para uma imensidão azul, os quartos dão a impressão de estar hospedado em um navio. Em alguns casos, há vista também para o skyline de Chicago, ao longe. Andando, são cerca de vinte minutos até a Magnificent Mile.
Onde comer
Magnificent Mile
Uma das comidas mais icônicas de Chicago, a deep dish pizza é uma pizza de massa grossa, borda alta e recheio generoso que lembra bastante uma torta.
Algumas das melhores pizzarias para provar a receita têm unidades em torno da Magnificent Mile, como é o caso da Pizzeria Uno, da Lou Malnati’s, da Gino’s East e da Giordano’s.
Por fim, em plena Magnificent Mile está o maior Starbucks do mundo. A Starbucks Reserve Roastery ocupa um prédio de cinco andares e serve cafés e comidas exclusivos.
River North
A oeste da Magnificent Mile, o bairro de River North guarda dois bons endereços para experimentar o italian beef sandwich, sanduíche que leva finas fatias de carne e uma conserva de legumes: o Al’s e o Mr. Beef. Este último inspirou a série O Urso (disponível no Disney+).
Outra comida que os chicagoans se orgulham de ter criado sua própria versão é o hot-dog. Ele é servido à moda da cidade, com salsicha, mostarda, relish de pepino, pimenta, tomate em fatias, cebola picada e picles num pão com semente de papoula. E sem ketchup, por favor, que é uma ofensa local. Toda esquina tem quem o faça bem, mas a rede Portillo’s é um clássico e tem uma unidade em River North.
Também fica por ali o Frontera Grill, do chef de origem mexicana Rick Bayless, uma das steakhouses mais recomendadas de Chicago.
Loop
No Loop, o The Gage faz uma boa combinação com o The Art Institute of Chicago, que fica praticamente do outro lado da rua. De culinária norte-americana, o menu traz clássicos como salada caesar, flat iron com batatas fritas, hambúrgueres e sanduíches como lobster roll e BLT.
Não muito longe dali, vale provar as carnes da Morton’s, uma instituição na cidade.
Para uma refeição com vista, vá ao Beatnik on The River. Com um terraço coberto que praticamente se debruça sobre o Rio Chicago, serve pratos com influências da culinária do Mediterrâneo e do Norte da África.
West Loop
O West Loop concentra alguns dos restaurantes mais badalados de Chicago. A começar pelo Au Cheval, cujo hambúrguer já foi eleito o melhor do país pela Bon Appétit e que acumula filas de espera — a estratégia é visitá-lo no almoço e durante a semana, quando consegui uma mesa de imediato. Os dois discos de hambúrguer são acompanhados por american cheese, molho de maionese e mostarda, picles, duas fatias grossas de bacon e um ovo frito com gema mole.
Dica: uma versão similar, porém menor, é vendida no restaurante-irmão Small Cheval. Há várias unidades pela cidade, incluindo uma em West Loop.
Hambúrguer nunca é demais para você? Então inclua ainda uma passadinha no The Loyalist. Seu famoso “OG Cheeseburguer” vem ganhando o coração dos locais graças ao combo pão com gergelim, picles e cebola em quatro versões – cebola grelhada, cebola em conserva, manteiga de cebola, maionese de cebola.
O Oriole conquistou duas estrelas pelo Guia Michelin com um menu degustação surpresa do chef Noah Sandoval, que entrega pratos minimalistas utilizando ingredientes premium.
O Monteverde é um dos melhores italianos da cidade.
Outros bairros
Para quem tem a gastronomia como prioridade na viagem, pode valer a pena se afastar do centro de Chicago em busca de preciosidades. Um bom exemplo é a Birrieria Zaragoza, com unidades em Uptown e Archer Heights, que está na lista de Bib Gourmands do Guia Michelin, que são restaurantes de boa qualidade e bom preço.
Já a região de Near West Side (ao sul de West Loop) tem entre as boas opções o hot-dog do Jim’s Original Hot Dog e o italian beef sandwich do Carms.
O que fazer
Magnificent Mile e Navy Pier
Chicago é a típica cidade para bater perna, melhor forma de apreciar a arquitetura, os parques e as obras de arte espalhadas pelas praças e ruas.
A caminhada pode começar na Magnificent Mile, como é apelidada a porção da Michigan Avenue que vai da Oak Street Beach, praia do Lago Michigan, até o Rio Chicago. Equivalente de Chicago à Quinta Avenida de Nova York, a via concentra grifes e lojas de departamento.
A principal atração por ali é o 360 Chicago, observatório que fica no 94º andar do John Hancock Center, o quarto prédio mais alto da cidade (com 344 metros de altura). Como o nome já indica, a vista é de 360º: de um lado, vê-se a imensidão do Lago Michigan; do outro, o mar de arranha-céus.
Pertinho do 360 Chicago, o Museum of Contemporary Art é um espaço de experimentações artísticas e recebe ótimas exposições.
Da Magnificent Mile, faça um desvio em direção ao Navy Pier. O píer avança sobre o Lago Michigan como um espaço de lazer, com lojas e uma roda-gigante. Durante os meses mais quentes, de junho a agosto, há shows de fogos de artifício às quartas-feiras e aos sábados.
Loop
A Magnificent Mile termina na DuSable Bridge, a principal dentre as mais de vinte pontes que cruzam o Rio Chicago, dando um charme extra à cidade. Ao atravessá-la, você estará no Loop, o centro financeiro.
O programa imperdível por ali é percorrer o Chicago Riverwalk, gostoso calçadão à beira d’água onde se enfileiram restaurantes e bancos para se sentar. Mas, como o rio é um ótimo ponto para observar arranha-céus emblemáticos, vale também fazer um passeio de barco.
A três quarteirões dali está o Grant Park, que é, na verdade, um conjunto de parques. O mais visitado é o Millennium Park, que guarda o cartão-postal da cidade: a obra Cloud Gate do artista Anish Kapoor. A escultura prateada, que os locais chamam carinhosamente de “feijão”, está reluzindo depois de passar por uma restauração entre 2023 e 2024.
Logo ao lado dele fica a pista de patinação no gelo montada no inverno; o impressionante Harris Theater, a céu aberto; e as Crown Fountains, obra interativa do artista espanhol Jaume Plensa em que imagens de duas bocas em telas de LED cospem água.
Basta atravessar a rua para chegar ao Art Institute of Chicago, um dos museus mais incríveis do mundo. Para dar uma olhada nesse mastodonte cultural, com mais de 300 mil obras em seu acervo, reserve no mínimo duas horas.
O Grant Park é delimitado ao sul pelo Museum Campus, onde mais quatro atrações aguardam. O Field Museum é um interessante museu de história natural, com fósseis, espécimes e representações de milhares de espécies que já passaram pelo planeta.
Aberto ao público em 1930, o Shedd Aquarium foi o primeiro aquário do interior do país e hoje é um dos melhores dos Estados Unidos. Ocupa um imponente edifício de mármore com colunas gregas, um domo de vidro e muita pompa.
Já o Adler Planetarium possui três salas onde são projetados filmes sobre o universo, além de espaços interativos. Em um deles, os visitantes podem olhar os astros através de um telescópio.
Por fim, no Museum Campus está também o estádio Soldier Field, que recebe partidas de futebol e futebol americano, além de shows: vale ficar de olho na programação.
Dividindo espaço com os edifícios imensos do Loop, alguns dos teatros mais prestigiados da cidade mantêm a elegância da época. Afinal, não é só na Broadway que se assistem a musicais, não. Quem se lembra da história de Velma Kelly e Roxie Hart do musical Chicago vai saber que a tradição dos palcos começou aqui, nos anos 1920.
É o caso do luxuoso Chicago Theatre, construído em estilo barroco francês. Com uma escadaria bonita inspirada na Ópera de Paris, ainda ostenta o luminoso escrito “Chicago” na fachada. Contemporâneos a ele, o antigo Oriental Theatre é decorado com tema asiático e teve o nome mudado para James M. Nederlander Theatre; e o The Cadillac Palace também continua na ativa.
Como chegar
Apenas a United tem voos diretos do Brasil para Chicago, saindo de São Paulo. Chicago também recebe voos de praticamente todas as grandes cidades dos Estados Unidos, México e América Central.
O Aeroporto Internacional O’Hare fica a 25 quilômetros do centro de Chicago. A opção mais econômica é ir de trem: dentro do aeroporto há uma estação onde é possível pegar a Blue Line (a passagem custa US$ 5). Desça na estação Lake para fazer uma baldeação para a Red Line North, cujas estações Grand e Chicago ficam a duas quadras da Michigan Avenue.
De carro, o trajeto pode levar uma hora ou bem mais do que isso a depender do trânsito. A corrida de Uber, que funciona bem na cidade, custa pelo menos US$ 50. Caso prefira reservar um táxi ou contratar um carro privativo, consulte os preços da Airport Express.
Transporte público
Chicago possui o segundo maior sistema de transporte público dos Estados Unidos. A principal forma de circular pela cidade é usando o “L”, forma como é popularmente chamada a rede de trens que circulam por trilhos elevados.
As linhas são identificadas por cores. As principais são a Blue Line, que conecta o centro ao Aeroporto Internacional O’Hare, e a Red Line, que corta a cidade de norte a sul. Para chegar aos lugares que o “L” não alcança, há uma boa oferta de ônibus.
As passagens de ônibus custam US$ 2,25 e as de “L”, US$ 2,50 (com exceção da viagem para o aeroporto, que custa US$ 5). Dentro de um período de duas horas, é possível fazer até duas baldeações gratuitas.
Para economizar, vale adquirir um passe que dá direito a usar o transporte público quantas vezes quiser. Custa US$ 5 para um dia, US$ 15 para três dias, US$ 20 para sete dias, e US$ 75 para 30 dias.
Os passes devem ser carregados em um Ventra Card, que também aceita carga de passagens avulsas. Vendido em máquinas de autoatendimento presentes em todas as estações, o cartão custa US$ 5.
Depois de adquirir a versão física, é possível fazer um cadastro para utilizar o Ventra Card digitalmente no celular, através do Google Pay ou da Apple Wallet.
Caso você não tenha um Ventra Card em mãos, as catracas dos ônibus e das estações da “L” também permitem fazer pagamento por aproximação usando o celular: o valor de uma passagem avulsa será cobrado diretamente no cartão de crédito cadastrado no seu Google Pay ou Apple Wallet.
Os ônibus até aceitam pagamento em dinheiro vivo, mas nesse caso a tarifa aumenta de US$ 2,25 para US$ 2,50.
O site do Chicago Transit Authority traz mais informações sobre os horários, mapa das linhas e tarifas.
Bicicleta
Chicago também está no caminho de se tornar uma das melhores cidades dos Estados Unidos para pedalar. São quase 500 quilômetros de ciclovias e cerca de 600 estações da Divvy, serviço de bicicletas compartilhadas. A empresa cobra US$ 1 pela retirada + US$ 0,18 por minuto ou então US$ 18,10 para pedalar por três horas dentro de um período máximo de 24 horas.
Carro
Uber e Lyft funcionam bem na cidade, mas tenha em mente que o trânsito é intenso durante boa parte do dia. Por esse mesmo motivo, não vale a pena alugar carro.
Dinheiro
A moeda dos Estados Unidos é o dólar. Em Chicago, é crescente o número de estabelecimentos que não aceitam pagamento em dinheiro vivo. Por isso, vale ter sempre consigo um cartão de crédito ou um cartão de débito internacional.
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